sexta-feira, 26 de julho de 2013

Cientistas implantam memórias em camundongos

  • Experimento mostra que é possível criar lembranças falsas e que estas usam os mesmos mecanismos cerebrais das verdadeiras
Cesar Baima (Email)
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Ilustração mostra como os cientistas encadearam a formação de memórias falsas nos camundongos
Foto: Terceiro / Science
Ilustração mostra como os cientistas encadearam a formação de memórias falsas nos camundongos Terceiro / Science
RIO – Publicado pela primeira vez em 1966, o conto “Nós lembramos por você por atacado”, de Philip K. Dick, inspirou dois filmes intitulados “Vingador do futuro” no Brasil. Na história, uma empresa, batizada Rekal, oferece implantes de falsas lembranças de viagens e aventuras a clientes que não têm como pagar pela experiência verdadeira. Agora, a ideia do escritor americano começa a sair do campo da ficção científica para a realidade. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) conseguiu pela primeira vez implantar memórias em camundongos.
Além de ajudar a revelar não só como guardamos as lembranças de acontecimentos mas onde elas ficam armazenadas no cérebro, o experimento provou que tanto as memórias verdadeiras quanto as falsas utilizam os mesmos mecanismos cerebrais, não podendo, assim, ser diferenciadas pelos indivíduos. Este fenômeno já foi muito bem documentado em tribunais, nos quais acusados foram considerados culpados com base em declarações de vítimas e testemunhas que estavam certas sobre suas lembranças, mas depois acabaram inocentados por exames de DNA.
- Sejam memórias falsas ou genuínas, os mecanismos cerebrais por trás da recuperação da memória são os mesmos – diz Susumu Tonegawa, professor de biologia e neurociência do MIT e principal autor de artigo sobre o experimento, publicado na edição desta semana da revista “Science”.
Embora tenha recebido o Prêmio Nobel de Medicina de 1987 por seu trabalho em imunologia, Tonegawa tem se dedicado nas últimas décadas a investigar os processos de formação e a manipulação de memórias. De acordo com as teorias mais aceitas atualmente, a lembrança de episódios, isto é, a memória das experiências pelas quais passamos, é construída por vários elementos, que incluem objetos e informações sobre o ambiente e o tempo. Estas associações são codificadas no cérebro por mudanças físicas e químicas nos neurônios, assim como por modificações nas conexões entre eles, formando uma estrutura complexa que os neurocientistas batizaram como engrama. Até recentemente, no entanto, mesmo a existência dos engramas ainda era considerada hipotética, e determinar um local onde deixam suas marcas no cérebro, um desafio ainda maior para os pesquisadores.
No ano passado, porém, Tonegawa e sua equipe conseguiram detectar as marcas da formação dos engramas, resolvendo então procurar sua fonte com base em uma antiga hipótese, a de que o centro de processamento da memória está numa estrutura cerebral conhecida como hipocampo, localizada no lobo temporal, sugerida nos anos 40 por experimentos do neurocirurgião canadense Wilder Penfield. Para isso, Tonegawa e sua equipe usaram um ramo da neurociência chamado optogenética, em que camundongos são geneticamente modificados de forma que seus neurônios possam ser ativados, controlados ou rotulados por meio de estímulos ou marcadores luminosos.
- Comparado com a maioria dos estudos que tratam o cérebro como um caixa-preta, tentando acessá-lo de fora para dentro, estamos tentando estudar o cérebro de dentro para fora – resume Xu Liu, pesquisador da equipe de Tonegawa. - A tecnologia que desenvolvemos para este experimento nos permite dissecar em detalhes e até potencialmente mexer com o processo da memória por meio do controle direto das células cerebrais.
Na experiência, os pesquisadores primeiro colocaram os camundongos em uma gaiola A, onde puderam explorar o ambiente livremente enquanto a formação da memória do local era acompanhada pelos cientistas. No dia seguinte, os animais foram colocados numa segunda e bem diferente gaiola B, onde depois de um breve período de tempo sofreram choques elétricos moderados enquanto os pesquisadores usavam luz para reativar os neurônios associados à memória da gaiola A. No terceiro dia, os camundongos foram postos de volta na gaiola A e congelaram de medo, mesmo nunca tendo recebido choques nela, demonstrando que tiveram implantada uma falsa memória do local porque quando sofreram o choque na gaiola B estavam relembrando estar na A.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/cientistas-implantam-memorias-em-camundongos-9180943#ixzz2a8o8hwLF
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domingo, 21 de julho de 2013

Um grande salto para a humanidade: primeiro passo na Lua completa 44 anos

Os primeiros passos do homem na Lua completam 44 anos neste dia 20 de julho de 2013. A caminhada pioneira do americano Neil Armstrong ocorreu durante a missão Apollo 11, em 1969. O comandante Armstrong foi seguido pelo piloto Buzz Aldrin (foto), segundo homem a pisar na Lua

Há exatos 44 anos, em 20 de julho de 1969, o astronauta americano Neil Armstrong tornou realidade o sonho mais antigo das civilizações humanas quando se converteu no primeiro homem a caminhar na Lua. Enquanto 500 milhões de pessoas em torno do mundo esperavam ansiosamente aglomeradas junto a rádios e telas de televisão de imagem borrada, Armstrong desceu a escada do módulo sobre a superfície lunar.

"Este é um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade", recitou Armstrong com a voz levemente distorcida pela distância e pelos equipamentos de comunicação, uma frase que ficaria gravada para sempre nos livros de história da Terra.

As multidões ovacionaram o momento quando Armstrong foi alcançado por seu companheiro Buzz Aldrin, que descreveu a "magnífica desolação" da paisagem lunar, nunca antes testemunhada em primeiro plano vista da Terra. Apenas 12 terráqueos caminharam desde então pela superfície da Lua, o solitário e misterioso satélite da Terra que alimentou nossos sonhos desde que os primeiros humanos caminharam sobre o planeta.

Em plena Guerra Fria, o programa Apollo foi usado para provar o domínio americano na corrida espacial. Colocar uma bandeira dos Estados Unidos na superfície da Lua em 1969 marcou pontos muitos importantes em relação à União Soviética. O programa Apollo, que tornou possível seis alunissagens bem sucedidas entre 1969 e 1972, começou oito anos antes, em 1961, quando o presidente John F. Kennedy lançou o desafio ao Congresso de levar o homem à Lua ainda naquela década.

"Creio que esta nação deve se comprometer em alcançar a meta, antes de terminar esta década, de aterrissar o homem na Lua e trazê-lo de volta à Terra sem perigo", disse então Kennedy. Foi aí que os EUA desenvolvem o programa Apollo, que transformou-se em uma arma bem sucedida na prova de domínio na corrida espacial que culminou com os passos do americano Neil Armstrong na lua durante a missão Apollo 11, em 1969.




<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/homem-na-lua/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/homem-na-lua/">Homem na Lua</a>
A União Soviética foi a primeira nação a colocar um satélite em órbita, em 1957, com o lançamento do Sputnik e, em 1961, Yuri Gagarin se converteu no primeiro homem a viajar ao espaço. A corrida espacial se converteu no símbolo da batalha da Guerra Fria pelo domínio entre ideologias enfrentadas e poderes mundiais polarizados.

Em 1970, meses depois das alunissagens, o dissidente soviético Andrei Sakharov escreveu, em uma carta aberta ao Kremlin, que a capacidade dos Estados Unidos de colocar um homem na Lua provou a superioridade de uma democracia. Graças à crescente prosperidade dos Estados Unidos e seus êxitos científicos e técnicos, o país colocou rapidamente em marcha o programa Apollo.

Mas a conquista da Lua não foi o único resultado da corrida espacial. Muitos dos avanços tecnológicos que desfrutamos hoje - como a comunicação mundial instantânea, via satélite e o uso de computadores pessoais - foram criados na época durante pesquisas de aprimoramento das missões espaciais.

Com informações da AFP.



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